EBD 2 JESUS CRISTO SE PREPARA PARA A SUA MISSÃO (Mateus 3,4)
Em nosso estudo de hoje abordaremos dois episódios muito significativos ocorridos no início do ministério de Jesus Cristo – o seu batismo por João e a tentação. A importância do encontro de Jesus com a “a voz do deserto” se dá pelo evidente cumprimento de uma profecia e pelo exemplo dado ao submeter-se ao batismo.
Quanto à tentação, ela apresenta resumidamente as artimanhas do tentador e a atitude de Jesus em vencê-lo em cada uma delas.
A MISSÃO DE JOÃO BATISTA – O PRECURSOR DO MESSIAS (Mateus 3.1-12)
Isaías profetiza um predecessor para Jesus Cristo (40.3). Entre os judeus espalhou-se a ideia de que Elias voltaria antes da chegada do Messias (11.14).
Os judeus esperavam um Messias político. João fazia críticas às autoridades da época – especialmente a Herodes (14.1-12) – mas sua missão ia além de liderar uma insurreição política. A ele caberia “preparar o caminho do Senhor” (3.3), e ele o fez através da pregação – ele pregava arrependimento (3.2). Jesus e sua igreja continuariam esta pregação, que se tornaria uma das marcas do anúncio do reino. É possível que João fosse nazireu (Números 6), israelita que fazia voto de serviço a Deus por toda a vida ou por algum tempo. Não resta dúvida de que ele foi um pregador, cumpriu sua missão e preparou o caminho do Senhor. João pregava e praticava o batismo de arrependimento – daí a sua designação como Batista. Cristo ordenou aos seus discípulos pregarem arrependimento e batizar os arrependidos. Nossas igrejas continuam esta missão, aguardando a manifestação plena do reino.
A ACUSAÇÃO AO “STATUS QUO” DA ÉPOCA (Mateus 3.7-8)
João estabelece um paralelo com os profetas do Antigo Testamento: o clamor por justiça. Destaque para Amós (5.24), quando diz: “Corra, porém, a justiça como as águas, e a retidão como o ribeiro perene.”
João alertou acerca da ira vindoura (3.7), ao dirigir-se aos fariseus e saduceus que viviam uma religiosidade sem espiritualidade. A igreja precisa estar coerente com os desafios do evangelho e não calar diante das injustiças e da corrupção que envolvem a nossa sociedade. O anúncio do reino é um anúncio de justiça.
João falou acerca do arrependimento (3.8). O ser humano precisa arrepender-se e produzir frutos (Mateus 7.7). Não é possível estar no reino de Deus e compactuar com as injustiças do mundo, que jaz no maligno (1 João 5.19).
A igreja precisa resgatar os elementos proféticos da pregação, alertando os homens sobre a necessidade de arrependimento dizendo que o Senhor reina acima de tudo e de todos (Salmos 146.10; Apocalipse 4) e que a justiça de Deus age e a todos alcança. Os cristãos são desafiados a produzir frutos de arrependimento.
OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO DE JESUS CRISTO: O BATISMO (Mateus 3.13-17)
Neste texto encontramos o início do ministério de Jesus, fato ocorrido quandoele tinha cerca de trinta anos.
No batismo de Jesus destacamos:
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A humildade. Ele se fez batizar por João para cumprir a justiça, para que o eterno propósito de Deus se manifestasse – a redenção. O Senhor da igreja nos deixou um exemplo de humildade.
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A forma. Parte dos cristãos praticam o batismo de outra forma. É digna de nota a diferença entre tradução e transliteração; batizar é uma palavra que foi transliterada (escrita em português com as letras equivalentes ao grego); a tradução seria imergir ou submergir. Os batistas obedecemos a Jesus Cristo, também quanto à forma quando batizamos.
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A triunidade de Deus. O Espírito Santo manifestou-se ao descer em forma de pomba. O Filho iniciou o seu ministério naquela ocasião, após ser batizado. O Pai se fez ouvir naquela oportunidade. “Nenhuma outra voz do céu jamais se fizera ouvir antes disso, exceto por ocasião da transmissão da lei mosaica, no Monte Sinai.”
O batismo do nosso Mestre deve inspirar-nos a um viver humilde dentro do espírito do evangelho (Mateus 18.1,4), aguçar a nossa convicção quanto ao batismo (o que tem identificado os batistas ao longo da história) e nos alertar para a atualidade do ensino da triunidade de Deus. A graça salvadora é a manifestação dos eternos propósitos divinos em relação à humanidade. O batismo é um exemplo a ser seguido por todos aqueles que hoje se dizem cristãos.
A PASSAGEM PELA TENTAÇÃO (Mateus 4.1-11)
A tentação de Jesus é uma experiência que nos deixou grandes ensinamentos. Bonhoeffer (pastor, teólogo alemão assassinado por ordem de Hitler, ao final da segunda guerra mundial) dividiu o episódio em três etapas.
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A tentação da carne (v.2 e 4) refere-se ao reconhecimento verbal da filiação divina de Jesus Cristo, seguido pela tentativa de lançar a divindade contra a humanidade. Se a fome fosse suprida por uma ação divina, toda a carne estaria condenada. Jesus permanece fiel e reafirma que o seu sustento está na Palavra de Deus. Precioso ensino para cristãos em provações.
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A tentação espiritual (v. 5 a 7) consiste em não contentar-se com a Palavra de Deus e buscar um sinal. “A fé que precisa de mais do que a simples Palavra de Deus em mandamento e promessa chega a ser tentação do próprio Deus. Tentar a Deus, porém, quer dizer lançar a culpa, o fato da infidelidade, a mentira sobre Deus mesmo, em vez de culpar Satanás.” Este tem investido contra os cristãos, fazendo com que eles tentem a Deus.
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A tentação total é quando Satanás se apresenta sem subterfúgios, exigindo a adoração devida exclusivamente a Deus. “O caso é a clara e definitiva negação de Deus e a submissão a Satanás. Eis a tentação para pecar contra o Espírito Santo.” Somente Deus em todo o universo, é digno de adoração. Todas as vezes que a humanidade rende-se em adoração a outro que não a Deus, cai nas artimanhas do maligno.
A única forma de resistir ao diabo (Tiago 4.7) é permanecer fiel a Deus e à sua Palavra. O estudo da Bíblia não pode ser negligenciado, pois o inimigo é real e atuante.
O INÍCIO DE SEU MINISTÉRIO A CHAMADA (Mateus 4.18-25)
O início do ministério de Jesus é marcado por alguns itens que estarão presentes até o fim: a itinerância, a escolha de discípulos, ensinamentos e pregações, entre outros.
O primeiro deles é que Jesus estava “caminhando”; o ministério foi itinerante: ele andou por toda parte (Atos 10.38), ao final ordenou aos seus discípulos que fossem e levassem o evangelho a toda criatura (Mateus 28.18-20).
O segundo destaque é que ele chamou homens ocupados que deixaram o que estavam fazendo para segui-lo. A igreja desenvolve o seu ministério para dar continuidade ao que Jesus Cristo ensinou, e ainda hoje precisamos de pessoas a quem Deus chama para deixar tudo, para ensinar o evangelho às multidões.
O terceiro item é que o ministério de Jesus foi marcado por um trinômio: ensinar, pregar e curar. Na podemos fugir dessa responsabilidade. Precisamos ensinar - o ensino é a base do discipulado; precisamos pregar – a pregação é a forma de alcançar os perdidos e edificar os salvos; precisamos curar – e a maior cura que alguém pode experimentar é ser vivificado por Jesus e salvo pela sua graça (Efésios 2.1-10); tudo mais será acrescentado (Mateus 6.33).
O quarto destaque que atraiu multidões. Estratégias mirabolantes são usadas para atrair pessoas para as igrejas que, em vez de transformadas, estão transformando a mensagem de acordo com as suas conveniências. Jesus atraiu multidões com a pregação e prática da Palavra de Deus; as igrejas dos apóstolos – história registrada em Atos – atraíram as multidões com a mensagem pura do evangelho; no século XIX a Inglaterra e os Estados Unidos foram sacudidos por um autêntico avivamento bíblico; no século XX, NA Coréia e na África, a Palavra de Deus atraiu multidões. No século XXI as igrejas batistas brasileiras precisam atrair as multidões com a mensagem pura do evangelho.
CONCLUSÃO
João desenvolveu o seu ministério como precursor de Jesus e o fez de forma profética, denunciando as injustiças em Israel. O ministério de João foi coroado apresentando-se para o batismo. Ao ser batizado, Jesus iniciou o ministério vencendo as tentações, após o que chamou os discípulos. Precisamos estar cientes da missão que Deus nos tem dado.
Reflitamos sobre algumas questões:
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Qual é a nossa missão hoje? Como a Escola Bíblica tem nos preparado para cumpri-la?
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Como temos atravessado as tentações?
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Somos chamados por Jesus Cristo para quê?
J. C. Ryle. Meditações no Evangelho de Mateus. São José dos Campos: Editora fiel, 1991,p. 20. Revista Compromisso.