O nosso salvador Jesus Cristo voltará mais uma vez aqui mas desta vez virá como juiz para salvar e buscar o que se havia perdido. Gostaria de compartilhar uma das lições da revista Compromisso, muito conhecida no meio da denominação Batista:
Escola Bíblica Dominica EBD 12 Cristo e a consumação do reino
Texto bíblico: Mateus 25.26
Na lição de hoje estudaremos o final do sermão profético, em que Jesus Cristo fala sobre vida eterna e o castigo eterno, para em seguida vermos a última páscoa
- ocasião em que Jesus Cristo institui a ceia do Senhor - seguida pela oração no Getsêmane, prisão e julgamento, e finalmente examinaremos o texto que trata da negação de Pedro.
Estes textos nos farão contemplar um pouco a pessoa humana de Jesus Cristo, a sua solidão e angústia nos momentos mais difíceis da sua vida, que precederam o calvário. Tal visão deve nos conduzir à reflexão sobre o grande amor que o levou à cruz; deve também nos inspirar a viver uma vida onde os valores do reino possam ser observados.
A MENSAGEM DE CRISTO SOBRE A VIDA ETERNA E O CASTIGO ETERNO Mateus 25.31-46
A alma humana é eterna e pela eternidade anseia. Nos versículos 1-30 deste capítulo, duas parábolas - das dez virgens e dos talentos - ilustram a necessidade do preparo para o último dia.
A seguir, Jesus Cristo fala sobre a separação entre os benditos do Pai e os malditos separados para o diabo. Convém notar que o julgamento que determinará tanto a vida eterna quanto o castigo eterno não está deslocado para um futuro distante na infinitude cósmica. Ele acontece diariamente em nossa vida. Ryle comentou: "Aquele que se assenta no trono, naquele grande e espantoso dia, será o Salvador, o Pastor, o Sumo Sacerdote, o Irmão mais velho e o amigo dos crentes. Quando o virem, não terão motivos para estar alarmados."
Devemos pensar na eternidade como uma perpetuação do estado atual de nossas almas. Se estamos com Cristo fazendo a vontade de Deus, a vida eterna será a continuação desta realidade, embora infinitamente melhor. Se estamos longe de Cristo e completamente distantes dos desígnios de Deus, a eternidade será indubitavelmente a compreensão real deste terrível estado. O castigo eterno é estar separado do Senhor da vida sob seu juízo.
A ÚLTIMA PÁSCOA: SUA NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA (26.17-30
Os discípulos estavam reunidos com o seu Mestre para celebrar a páscoa, a festa judaica que celebrava a libertação do Egito (Êxodo 12.1-20). Naquela oportunidade Jesus instituiu uma das ordenanças da igreja - a ceia do Senhor - que passaria a ser celebrada por todos os cristãos de todos os tempos.
Se a páscoa até então era um memorial da libertação dos antepassados, agora ela passava a ser um memorial da libertação de cada participante. Apesar das várias interpretações criadas sobre a páscoa cristã, que muitas vezes têm causado divisões no corpo de Cristo, o texto bíblico deixa evidente a utilização da linguagem figurada; logo, pão é pão, e vinho é vinho, e não se tornam o corpo de Cristo, como querem alguns; eles servem para lembrar-nos do sacrifício de Jesus Cristo. A nascente igreja cristã teria uma celebração instituída pelo seu Senhor, um memorial da salvação.
Certamente nos anos e provações que se seguiram, aqueles momentos vieram à memória dos discípulos, e fervorosamente eles celebraram a ceia do Senhor anunciando a sua morte até que ele venha. Que as nossas experiências de celebração da ceia do Senhor reflitam a alegria da salvação operada por Jesus Cristo e anunciem a sua segunda vinda.
O MOMENTO DO GETSÊMANE: A SOLIDÃO ABSOLUTA (Mateus 26.36-46)
Em sua humanidade plena, Jesus Cristo deixou-nos o exemplo de como agir diante das encruzilhadas da vida - buscar a sábia e incomparável vontade de Deus. Naquela hora decisiva ele estava só. Até os mais chegados - os discípulos - não alcançaram o tamanho da angústia que perpassava a alva do Senhor (v. 38); diante da solidão absoluta a presença de Deus é suficiente.
Aquela hora, sem dúvida, foi um dos momentos mais difíceis para o home-Deus. O exemplo de Cristo está na determinação em realizar a vontade de Deus (v. 39,42). Quantas vezes vacilamos? O fator determinante deve ser a vontade soberana do Senhor.
É preciso estarmos sensíveis às necessidades que o corpo de Cristo - a igreja - enfrenta hoje. Muitos irmãos nossos sofrem angústias e solidão que poderíamos minimizar se fôssemos um pouco mais sensíveis. A presença de Deus é real, mas a fraternidade entre os discípulos é necessária, e nem sempre a demonstramos. Não basta cearmos juntos; é preciso caminharmos lado a lado na vida cristã, pois é assim que o amor se manifesta.
O ABANDONO E O JULGAMENTO DE CRISTO (Mateus. 26.47-68)
A cena da traição de Judas Iscariotes é sempre terrível e chocante, e lamentavelmente ela tem se repetido na vida de muitas pessoas que dizem seguir a Jesus Cristo e o negam e o traem diariamente em suas vidas e, muitas vezes, por muito menos que 30 moedas.
No momento de se consumar a traição, ainda ali, Jesus Cristo se mostrou amoroso para com Judas, o traidor: " Amigo, a que vieste?" (v. 50). Era a meiga voz do Mestre se dirigindo pela última vez ao traidor, que o havia saudado com um beijo. Em meio àquele quadro onde Jesus Cristo estava sendo preso, um discípulo, que o texto de Mateus não identifica, reage cortando a orelha do servo do sumo sacerdote (v. 51). Jesus Cristo ainda encontra tempo para uma última lição (v. 52) e para realizar uma cura (Lc 22.51); dali Jesus Cristo seria conduzido à presença do sumo sacerdote e do sinédrio.
Jesus Cristo estava diante da mais alta corte religiosa do seu povo - o sinédrio - para ser julgado. Lá ele ouviu silenciosamente as acusações que lhe foram feitas (v. 63), exceto quando perguntam se ele é o Cristo, ao que responde positivamente (v. 64). No texto paralelo em Mateus 14.64, Cristo usa a expressão clássica "Eu Sou"; ao ouvi-la, o sumo sacerdote estremeceu e encontrou a acusação que precisava para indiciá-lo.
A NEGAÇÃO DE PEDRO (26.69-75)
Em meio àquele quadro, Mateus nos mostra a negação de Pedro, que se revela extremamente didática, pois Pedro havia convivido com Jesus Cristo por três anos e havia presenciado vários sinais, inclusive protagonizado pelo menos dois (8.14 - a cura da sogra e 14.28 - quando Jesus anda sobre o mar). A negação de Pedro nos ensina e adverte que até o mais autoconfiante dos discípulos tem seu momento de fraqueza. O texto em Mateus apresenta a negação em três tempos: no primeiro, fora do pátio, diante de uma criada; no segundo, no vestíbulo, diante de outra criada; e no terceiro os circunstantes o identificam pelo sotaque (v. 73), e pela terceira vez ele nega o seu Mestre. E em todas elas, ao que parece sem correr nenhum risco de vida, ou sem estar sob nenhuma ameaça que o constrangesse a negar.
Ao cantar do galo, Pedro chora amargamente lembrando-se das palavras que lhe foram ditas anterior mente por Jesus Cristo. Lucas, em seu Evangelho, capítulo 22, versículo 61, acrescenta: "Virando-se o Senhor, olhou para Pedro;" A angústia e a tristeza que o tomaram devem ter sido algo no mínimo insuportável, ao tempo em que uma vez mais a onisciência divina se fazia perceber em Cristo.
O chorar amargamente de Pedro indica o profundo arrependimento pelo pecado cometido. Todos os humanos pecam, alguns chegam a chorar, mas, infelizmente, nem todos se arrependem. Pedro não ficou prostrado; ele se arrependeu e levantou-se daquela queda para fazer a sua parte na construção do reino de Deus aqui na terra.
CONCLUSÃO
A consumação do reino de Deus estava às portas; a humanidade presenciaria em Jerusalém a maior demonstração do amor divino. Junto à prova de amor ficaria para sempre a certeza de que a raça humana, não obstante as várias classes sociais existentes nas várias civilizações, divide-se em apenas dois grupos: os que vão herdar a vida eterna e os que sofrerão o castigo eterno.
Diariamente, nas experiências da vida, somos desafiados a mostrar a qual reino pertencemos, a quem servimos, os interesses de quem defendemos, se ao reino de Deus ou ao reino deste mundo, e diariamente estamos sendo julgados pelas nossas palavras, ações e pensamentos. Que possamos usar as oportunidades da vida para afirmar a nossa fé em Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador.
Reflitamos sobre alumas questões:
1) Temos pensado no destino eterno?
2) Como têm sido as nossas experiências de celebração da ceia do Senhor?
3) Como temos agido diante da solidão uns dos outros?
4) Nossa vida é negação ou afirmação da fé em Jesus Cristo?
RYLE J. C. Meditações no Evangelho de mateus. São José dos Campos: Editora Fiel, 1991, p. 220.